CANOCO DE UL - MCA
Tipo
Produtos de padaria, de pastelaria, de confeitaria ou da indústria de bolachas e biscoitos
Região
Norte
Descrição
O “canoco de Ul” é um pão de trigo tradicional, produzido com farinha de trigo tipo 80 (sêmea e rolão de trigo), com a forma ovalada, de base plana, por vezes com chanfro na côdea macia e miolo macio e firme com alvéolos de tamanho pequeno. Todo o processo é efectuado de forma tradicional, sendo os canocos cozidos em fornos de lenha.
História
Oliveira de Azeméis tem enraizado nas suas tradições e cultura, os rios, os moinhos de água, os moleiros, o descasque do arroz e as padeiras e os seus Pão de Ul, Canoco de Ul e Regueifa de Ul. É na freguesia de Ul que os moleiros e as padeiras se tornam cúmplices não só em termos económicos, mas também sociais, uma vez que o casamento entre moleiros e padeiras se tornou comum. Estes casamentos originaram gerações e gerações de artes e ofícios familiares que asseguravam a reprodução social e económica da região, pois os filhos eram moleiros, como os pais e as filhas padeiras, como as mães. Nesta terra as padeiras produziam e continuam a produzir o chamado “Pão de Ul” a” Regueifa de Ul” e o “Canoco de Ul”, sendo inicialmente este último o pão para a família e não para a venda, uma vez que era feito com o aproveitamento dos “restos” da peneiração da farinha. A confecção destes produtos resulta, como dito anteriormente, de uma tradição ancestral, geralmente herdada de mães para filhas, sendo uma actividade reservada quase exclusivamente às mulheres, numa estreita relação com as demais tarefas domésticas, nomeadamente, a preparação das refeições. Este facto pode justificar a preservação desta tradição, sobretudo na geração de mulheres com idade superior a sessenta anos, com pouca instrução, e que se foram conservando no espaço doméstico, adquirindo os saberes transmitidos pelas suas mães.
Saber fazer
É recorrente no discurso das padeiras a referência à herança desse saber, transmitido de avós para as mães, ou directamente para as netas, no recato do lar, até chegar aos dias de hoje. O processo de fabrico destes produtos e as algumas memórias são contados pelas padeiras no livro “Memórias das Águas do Rio – Moinhos, Moleiros e Padeiras da Freguesia de Ul”, da autoria de António Afonso de Deus, Ana Durão Machado e Luís Manuel de Sousa Martins, editado em 2003. Alicita do Rojão (nascida em 1955), “Comecei pequenita, andava na escola e já ajudava. Na altura, era a minha mãe e as minhas tias. Agora já faleceu tudo, da família sou só eu que vou cozendo” Fernanda Damas (nascida em 1952), “O meu pai era moleiro, queria que fosse padeira. Fazia-me ir ajudar esta e aquela. Só para ver se eu gostava da vida de padeira”. Tia São do Aniceto (nascida em 1933), “Agora já há muitas padeiras que têm máquinas para amassar. Mas, eu aqui é tudo à mão, não tenho máquina nenhuma. Amassar ainda agora custa, já tenho uma idade avançada e canso-me…” Celeste Maquelino (nascida em 1947), “A minha mãe era padeira, a gente já andava de volta dela e começámos a aprender. As minhas irmãs, também foi mais ou menos como eu… Além de sermos padeiras, tínhamos os moinhos, as terras, as vacas…” Lurdes Resende (nascida em 1953), “Era obrigada a aprender, era preciso ajudar. Eu nasci aqui no meio do trabalho, acho que já ajudava muito. Depois ainda tentei sair, porque isto era uma vida trabalhosa, mas tive de voltar.” Encarnação Marques (nascida em 1929), “Tinha muita família como padeira, eu nem me puxava nada disto, mas a minha mãezinha não tinha mais ninguém que a ajudasse. Não gostava muito, mas depois fiquei nisto”. Como podemos também ler neste livro, conversando com as padeiras e com o conhecimento do processo de fabrico, os horários são semelhantes a quase todas as padeiras. Levantam-se perto das 3h da manhã, ou mais cedo ao fim de semana que as encomendas são maiores, raramente têm dias de folga e férias, só as mais novas é que o fazem pois normalmente não estão sozinhas no negócio! O dia de uma padeira começa por amassar e aceder o forno, cozer o pão e de seguida a venda do mesmo, que se faz na própria padaria e com a distribuição pelos clientes “porta a porta”. A limpeza dos utensílios e instrumentos de trabalho e o tratamento da lenha para o dia seguinte é mais uma das tarefas incluídas neste processo. O dia já vai na hora de almoço quando deixam de ser padeiras e se dedicam à lida da casa, à assistência à família, e algumas ao cultivo de terras e criação de animais. Para além da venda habitual, estes produtos são consumidos mais intensamente, em Ul, durante a Festa da Senhora das Candeias e de São Brás, nos dias 2 e 3 de Fevereiro, ou no primeiro domingo após esta data. O cheiro a pão espalha-se pela freguesia nestes dias. Noutras localidades é usual as encomendas particulares aumentarem na realização de festas ou comemorações. No centro de Oliveira de Azeméis realiza-se há 20 anos, em meados de Maio, o “Mercado à Moda Antiga”, evento que pretende reviver o mercado que se realizava há mais de 100 anos, na então "Praça dos Vales", onde gentes de todas as freguesias do concelho, e de zonas limítrofes, se deslocavam para venderem os produtos da terra, sobretudo produtos agrícolas. As padeiras exemplificam ao vivo, durante dois dias, a sua arte, não tendo “mãos a medir”, cozendo o dia inteiro para dar resposta a todos os pedidos dos “amantes” do pão e das tasquinhas de comes e bebes que não querem outro pão para servir aos seus clientes.
Produção
As características únicas do canoco de Ul devem-se essencial e conjugadamente: a) Ao modo de produção, profundamente enraizado e tradicionalmente utilizado desde tempos remotos; b) Ao uso do forno de lenha, proporcionando características sápidas únicas, diferenciadas e específicas e que se repetem ao longo dos séculos; c) À localização das instalações produtivas, nas imediações e margens de um curso de água.
Área geográfica de produção
Distritos
AVEIROConcelhos
OLIVEIRA DE AZEMEISFreguesias
MACINHATA DA SEIXATRAVANCA OAZULIngredientes
Rolão de Trigo
Sêmea de Trigo
Água
Fermento de padeiro
Sal
Forma
OVAL
Largura
de 11,00 a 13,00 cm
Comprimento
de 13,00 a 15,00 cm
Peso
de 145,00g a 415,00g
Cor Exterior
BRANCO-AMARELADO
Textura Exterior
FIRME
Cor Interior
BRANCO-AMARELADO
Bibliografia/Fonte
Texto e fotos extraídos de: “Produtos Tradicionais Portugueses”, Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural, Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural, Lisboa 2001, Coordenadora Geral – Ana Soeiro Caderno de Especificações - Canoco de Ul Associação de Produtores de Pão de Ul
BROA DE MILHO DO VALE DO SOUSA
Pão de mistura elaborado através de um processo de fabrico específico da região, sendo determinante o uso da farinha obtida dos milhos brancos lisos, do tipo “flint”, maioritariamente de origem regional, em que se incluem as variedades locais Pigarro, Verdial de Aperrela e Verdial de Cete. À farinha de milho é, ainda, adicionada farinha de centeio de origem regional podendo, na sua ausência, ser usada farinha de trigo.
BOLO DO CACO DA MADEIRA - MCA
O Bolo do Caco da Madeira é um pão cuja massa é constituída por farinha de trigo, batata-doce da Madeira, fermento de padeiro e/ou “massa lêveda”, água e sal, sendo um produto típico da Região Autónoma da Madeira. Tem a forma de um cilindro baixo com costas lisas ou ligeiramente abauladas Ao corte, a massa apresenta um miolo denso com alvéolos pequenos que contribuem para tornar a massa elástica.
BÔLA DE LAMEGO
A bôla de Lamego é feita de farinha de trigo, fermento de padeiro, água, manteiga, banha de porco ou azeite, recheada com carnes (bôla de carne de Lamego), com bacalhau (bôla de bacalhau de Lamego), com sardinha (bôla de sardinha de Lamego) ou com carne de vinha d’alhos (bôla de vinha d’alhos), em que a carne é temperada em vinho e alho, antecipadamente. Cada bôla de Lamego pesa cerca de 850 g, tem formato rectangular e é baixa.
Preparado a partir de farinha de trigo, ovos e gorduras, recheado com carnes fumadas de porco. A cor varia entre amarelo e castanho claro, apresentando ao corte uma massa alveolada, de cor amarelada, entremeada pelas carnes. O peso oscila entre 0,5 e 3 kg. A massa é ligeiramente salgada e gordurosa e as carnes mantêm o sabor original.
FOLAR DE VALPAÇOS - IGP
O Folar de Valpaços é um produto de panificação recheado com carne de porco gorda e/ou entremeada salgada e seca (não fumada), barriga de porco salgada e seca (não fumada), enchidos de porco fumados (salpicão e linguiça), presunto de porco curado pelo fumo ou de cura natural e/ou pá de porco fumada. Ao corte são perceptíveis pedaços dispersos e irregulares das carnes que compõem o recheio e que visualmente compõem um mosaico colorido em que se distinguem as diferentes cores das mesmas. É cozido em formas individuais.
PASTEL DE CHAVES - IGP
O «Pastel de Chaves» é um produto de pastelaria constituído por massa finamente folhada, recheada com um preparado à base de carne de vitela picada. Apresenta textura exterior firme e estaladiça contrastando fortemente com a textura do recheio que é espesso, macio, húmido, suculento e fundente. Ao corte vertical, a massa apresenta um conjunto de lâminas muito finas, o que confere ao pastel um aspeto finamente folhado. A porção superior da massa apresenta uma cor amarelo-dourado que contrasta com a porção inferior levemente humedecida e escurecida pelo picado de carne. Numa posição central surge o recheio que apresenta um aspeto heterogéneo, resultante dos diversos ingredientes que o compõem, sendo reconhecíveis pedaços de carne e de cebola.